quinta-feira, 17 de março de 2011

Araki - A técnica da natureza

Significando "madeira nova" em japonês, também conhecido como Gemboku, "madeira crua", é toda e qualquer planta cuja origem seja exclusivamente da natureza, cujo tamanho tenha sido contido pelas próprias condições de onde ela germinou, e já com os anos postos sobre seu tronco. No Japão, tradicionalmente o termo se aplica àquelas plantas que foram retiradas das montanhas, mas no restante do mundo onde o bonsai fincou raízes, o termo se torma mais amplo e referente à quase qualquer planta, muda ou madura, que tenha sido coletada em nas florestas ou retiradas de muros e terrenos baldios.

Araki no Brasil

No Brasil é normal entender o araki seguindo a linha mais geral, de qualquer planta recolhida na natureza e plantada em vaso sobre a orientação dos métodos e técnicas do bonsai. Contudo, temos alguns problemas para aplicá-lo por aqui, o principal sendo nossa legislação ambiental. Plantas nativas de biomas ameaçados ou protegidos, assim como as ameaçadas de extinção, de corte regulamentado e situações afins, por lei, não podem ser retiradas de seu sítio de origem sem prévia permissão do órgão responsável (Ibama, secretarias de meio ambiente estaduais e afins), sob pena de reclusão e multa. O araki em campo, desse modo, se torna praticamente proibido na maioria de nosso território, e mesmo os efetuados nas cidades, dependendo da legislação em vigor, podem também ser ilegais, pois a derrubada de árvores em terrenos particulares pode também ser legislada e somente por permissão das prefeituras.

Outro problema é que as espécies nativas ou comuns, apesar de já terem em grande parte sido incorporadas aos halls de plantas dos praticantes, ainda detém o estigma leigo de não serem "essencialmente japonesas", o que faz com que muitas plantas com potencial para serem lindos bonsai acabarem mortas. É um problema menor, pois a grande parte dos praticantes acaba, depois de algum tempo, adotando-as, e os esforços das associações de bonsai pelo país tem feito belos e eficientes esforços nesse sentido, além de popularizar a arte.


Técnicas de Araki

Pouco é necessário saber para o araki, o que não quer dizer que não é importante. O primeiro à saber, é que se você irá derrubara maior parte da árvore para usar basicamente uma parte ínfima dela, qualquer que seja, não é araki. O araki pressupõe a planta como um todo sendo retirada da natureza com o menor stress e intervenção possível. Apenas alguns raros casos, a maioria envolvendo doenças, fazem exceções à esta regra.

A segunda regra mais importante é em relação à raíz. A maioria dos arakis provém de locais cujo substrato ou espaço fazem com que elas estejam com algum comprometimento, então quanto menos interferência elas tiverem, melhor. Quando envazá-la, observe as técnicas de reenvazamento e conhecimento sobre a espécie específica, para garantir o máximo de saúde possível da planta.


Araki e o Iniciante

O araki é uma das mais importantes partes do conhecimento do bonsaísta. Não porque se trata de uma fonte de aquisição de material para trabalho e item de coleção, muitas vezes erroneamente assim tratados pelo inciante, mas por serem uma ferramenta para o treino da percepção do artista sobre o mundo que o cerca. Um araki não é "só" uma plantinha que vc achou bonita, uma espécie difícil de achar que você "deu sorte" ou mais uma para a coleção. É antes de tudo, uma demonstração da sua própria percepção do mundo, exposta totalmente. Uma muda que será um desafio, uma planta antiga que é um "bonsai in natura", uma planta jovem que não precisa de muito trabalho, e tantas outras possibilidades, sua escolha principal sobre o araki é seguramente o mais límpido modo de olhar para nosso "eu" interno relacionando-se com o mundo.



Bonsai world (inglês)

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